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A Terceira Margem – Parte CCIV – Navegando o Tapajós ‒ Parte XVIII – Cerâmica Santarena V

Publicado em: 28/04/2021 - 10:36
A Terceira Margem – Parte CCIV – Navegando o Tapajós ‒ Parte XVIII – Cerâmica Santarena V

Navegando o Tapajós ‒ Parte XVIII

Cerâmica Santarena V 

Frederico Barata (1950–1954)

–  A Arte Oleira dos Tapajó I: Considerações sobre a Cerâmica e dois tipos de Vasos Característicos, Revista do Instituto de Antropologia e Etnologia do Pará em 1950;

–  A Arte Oleira dos Tapajó II: Os Cachimbos de Santarém, Revista do Museu Paulista em 1951;

–  Arqueologia Brasileira e Cerâmica Santarena: um capítulo do livro “As Artes Plásticas no Brasil” de Rodrigo Mello de Andrade, publicado em 1952.

–  Uma Análise Estilística da Cerâmica de Santarém: Revista Cultura em 1952;

–  A Arte Oleira dos Tapajó III: Alguns Elementos novos para a Tipologia de Santarém, Revista do Instituto de Antropologia e Etnografia do Pará em 1953;

–  O Muiraquitã e as Contas dos Tapajó: Revista do Museu Paulista em 1954.

 

A Cerâmica dos Tapajó era tão pouco conhecida, mesmo em tempos recentes, que até 1823 não se tinha a menor ideia da forma completa de qualquer dos seus vasos típicos. O Volume VI dos “Anais do Museu Nacional [1895]” quase todo dedicado à Cerâmica amazônica, é paupérrimo de informações sobre a de Santarém à qual fazem vagas referências apenas Hartt que a denomina “Louça de Taperinha” ou “dos moradores do alto”, Ferreira Pena e Ladislau Neto, este último reproduzindo equivocadamente um fragmento santareno que descreve e classifica como de Marajó. A coleção Rhome, incorporada ao Museu Nacional, é fraquíssima e mal dá noção da monumental variedade de formas da louça dos Tapajó, pois não possui uma única peça inteira característica. Foi em 1923 que Curt Nimuendaju, trabalhando para o Museu de Gottenborg, revelou ao mundo científico, coletando peças completas e grandes fragmentos, o ineditismo e a beleza dessa soberba arte primitiva. Helen Constance Palmatary, repetindo Linné, descreve a descoberta da Cerâmica de Santarém por Nimuendaju como meramente casual. Segundo esses autores, em consequência da chuva, com forte poder erosivo, deixou a descoberto considerável porção de terrenos altos, pondo à mostra fragmentos estilizados e às vezes lindamente desenhados.

Afortunadamente – acrescentam – estava em Santarém, no momento, Curt Nimuendaju e, graças aos seus esforços, muito desse material foi salvo.

Tal versão não é rigorosamente exata. Desmentiu-a em palestra comigo, em agosto de 1945, no Rio de Janeiro, o próprio Curt Nimuendaju. Tivera ele notícia, por um Padre alemão, seu amigo [do qual infelizmente não guardei o nome], de que em Santarém as crianças apareciam frequentemente brincando com pedaços de Cerâmica indígena, aos quais chamavam “caretas” e que encontravam na Cidade. Ficou interessado e, logo que lhe foi possível, dirigiu-se a Santarém, especialmente para estudar a Cerâmica que lhe fora descrita como originalíssima e diferente de todas as conhecidas. Verificou logo sua importância e iniciou pesquisas para as quais, entretanto, não encontrou o menor apoio.

Contou-me na mesma ocasião Curt Nimuendaju que, certo dia, tendo localizado na Aldeia um terreno cheio de fragmentos, começou uma escavação e achou indícios de boa Cerâmica. Na manhã imediata, voltando ao local para prosseguir no trabalho, encontrou lá um português, residente nas vizinhanças, que tudo inutilizara cavando ativamente.

Irritado, perguntou-lhe por que estava fazendo aquilo e obteve esta resposta: – “Estou procurando o tesouro; se o senhor pode achá-lo eu também posso!

O buraco estava enorme e a Cerâmica perdida. Com esse exemplo, quis Nimuendaju demonstrar-me o quanto é difícil preservar as nossas riquezas arqueológicas, dada a incompreensão absoluta do homem do interior, que, ou tem medo dos objetos dos Índios e os destrói, ou por eles tem desprezo. (BARATA, 1950)

 

Cerâmica de Santarém

Autor e Fonte: Hiram Reis e Silva

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