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A Terceira Margem – Parte CCXXXIII – Expedição Centenária Roosevelt-Rondon 1ª Parte – XIII

Publicado em: 08/06/2021 - 7:51
A Terceira Margem – Parte CCXXXIII – Expedição Centenária Roosevelt-Rondon 1ª Parte – XIII

Expedição Centenária Roosevelt-Rondon
1ª Parte – XIII

Porto Murtinho ‒ Forte Olimpo – I 

 

06.08.2017: P. Murtinho – F. Olimpo

Passamos toda manhã envolvidos na transposição do material individual da Kemosabe para a Calypso. Partimos à tarde rumo Norte, deixando para trás a Isla Margarita e Puerto Carmelo Peralta, aproados na direção do Morro Pão de Açúcar (21°26’45,68”S / 57°52’33,48”O), de mais de 500 m de altitude, localizado na Fazenda Porto Conceição, a quase 25 km ao Norte de Porto Murtinho. A região pródiga em belezas naturais possui uma trilha que leva até o cume do morro de onde se tem uma vista privilegiada do Pantanal. Passamos pelo Pão de açúcar ao anoitecer (19h15). O atraso, provocado pela troca de embarcações, forçou a tripulação a navegar à noite e não tivemos a oportunidade de conhecer a cidade de Fuerte Olimpo nem o antigo Fuerte de Borbón (21°02’11,91” S / 57°52’10,75” O).

Uma Expedição desta magnitude ficar atrelada a um calendário pré-determinado é um verdadeiro atentado ao bom senso, nas minhas amazônicas jornadas procuro não me amarrar a datas que não podem ou não devam ser cumpridas para não comprometer às pesquisas de campo.

 

Relatos Pretéritos: Pan de Azúcar

Félix de Azara (1781)

XXI

33. […] Continuaron, y en los 21°22’ de latitud, encontraron en la costa Oriental un cerrito notable en aquella llanura de país, a quien llamaron monte deSan Fernando. Hoy le dan los españoles el nombre depan de azúcar, y los guaranís el de Ytapucúguazú. (AZARA)

 

Semanario (1850)

Es la segunda vez que las fuerzas nacionales dejan las playas de la Asunción para dirigirse a vindicar al Norte los derechos de la Republica. En 1850, la ocupación del territorio paraguayo por fuerzas brasileras obligó a nuestro gobierno a enviar una pequeña expedición que dio por resultado el desalojo del cerro de Pan de Azúcar […] (SEMANARIO, 17.12.1850)

 

Bartolomé Bossi (1862)

A los 21°25’ latitud y 60°14’ de longitud, se levanta el no menos hermoso cerro de Pan de Azúcar, memorable por un hecho de armas muy honroso para los soldados del Brasil, y que merece narrarse por el interés que ofrece.

En el Pan de Azúcar fue atacada por doscientos paraguayos una guardia brasilera de 25 hombres. El combate fue reñido a pesar de la desproporción del número. La pequeña guardia resistió hasta haber quemado su último cartucho; y antes que rendirse, prefirió retirarse y ganar los montes y desiertos.

En esos bosques salvajes fueron sorprendidos esos pocos valientes por los Indios Guaycurús, tribu muy guerrera y audaz que habita esas cercanías. Los barbaros decidieron matar a todos los prisioneros; pero uno de los Indios se opuso al sangriento designio de sus compañeros, tratando de persuadirlos que no solo estaban obligados a conservar sus vidas, sino a acordarles su protección. El orador redujo la ferocidad de sus hermanos hasta inclinarlos a la piedad, y se decidió unánimemente que los prisioneros serían conducidos al través de esos bosques y desiertos hasta la ciudad de Cuyabá.

Después de trabajos penosísimos, y cuando ya se les creía muertos, aparecieron las victimas lloradas rodeadas por los Indios, escolta singular, que había mitigado con sus prolijos cuidados los sufrimientos de aquellos infelices. El gobierno brasilero pronto siempre á recompensar las acciones generosas, prodigó sus obsequios a los Indios y les colmó de regalos, concediéndole el honroso grado de capitán al iniciador de aquella loable acción á que debían la vida sus súbditos.

Desde entonces le quedó al indio condecorado el título de capitán de papel, que con burlesca ironía le dan en su tribu, entre la cual no es compatible ese honor sino para vasallos de sangre noble. En consecuencia el despacho de capitán brasilero, no es para los indios sino un pedazo de papel sin importancia ni significación, y para su poseedor un título de honor. (BOSSI)

 

Barão de Melgaço (1870)

Apontamentos Para o Dicionário Corográfico
da Província de Mato Grosso
Pelo Barão de Melgaço
 

Fecho de forros: Há na margem esquerda do Rio Paraguai, entre os paralelos 21°24’ a 21°30’, um grupo de morros do quase duas léguas de extensão ao longo do Rio e uma do largura, separado por um espaço de três léguas de terreno alagadiço das terras altas do Distrito de Miranda. Sobre a oposta margem do Rio existe um morro isolado e no meio do Rio uma ilha pedregosa de 1.300 a 1.500 metros de comprimento, 400 metros de largura e 21 na maior altura. Os dois canais, que forma, são navegáveis; porém o melhor é o de Oeste. Terá umas cinquenta braças [120 metros] de largura. O outro, mais estreito, tem algumas pedras, das quais é preciso resguardar-se, tanto do lado da ilha como do da margem esquerda.

Dos morros da margem direita o mais notável é o “Pão do Açúcar”. Sua base dista da beira do Rio quase 3 quilômetros. Seu cume tem a altitude de 412 metros acima do Rio, ou 507, acima do mar. Dez milhas abaixo do “Fecho de Morros” há na margem esquerda um morro isolado, que os Espanhóis chamam Batatilla, com um recife que toma quase metade da largura do Rio. Esse lugar é por nós conhecido pelo nome de “Passo da Tarumã”. É onde se faz a passagem do gado vacum e cavalar trocado entre a nossa gente e os índios do Chaco.

Foi neste local, que em 1775, pretendeu o Capitão-general Luiz d’Albuquerque estabelecer o presídio, que veio a fundar-se em Coimbra. Em junho do 1850, colocou-se aí um destacamento, que foi visitado pelo Presidente da Província em setembro, e em outubro expelido pelos paraguaios. (RIHGB ‒ XLVII – II, 1884)

 

Raul Correia Bandeira de Mello (1935)

A Fortaleza de Coimbra
Breve Estudo Histórico e Geográfico

15 – É oportuno recordar-se que, não obstante decidido o estacionamento militar em Coimbra, sempre se conservou latente e ainda persiste em potencial a ideia do artilhamento do “Fecho dos Morros”, como um elemento indispensável à integri­dade do Brasil. Em 1847 o Presidente da Província de Mato Grosso autorizou o Comandante da fronteira do Baixo Paraguai a providenciar sobre a instalação de um destacamento do Exército no “Pão de Açúcar”, construindo um quartel e algumas lunetas e redentes. Retornava-se às ideias dos chefes militares que sempre acharam o “Fecho dos Morros”, inclusive a ilha mediana, uma posição estratégica de 1ª ordem, de vez que constitui verdadeira barragem natural.

Após a ocupação esta posição notabilizou-se, segundo diz Luiz d’Albuquerque, pelo ataque que em 1850 traiçoeiramente lhe levaram os paraguaios por ordem de Carlos Antônio López. Em número de 400 homens inesperadamente agrediram a guarnição, composta de 25 praças do 2° Batalhão de Artilharia a Pé e do Comandante Tenente Francisco Bueno da Silva.

A guarda retirou-se com perda de vidas para a margem direita após tentar a defesa que lhe foi possível. Surge então a infelicíssima ordem do Governo Imperial, de outubro de 1850, determinando ao Presidente Caetano Pinto de Miranda Montenegro que desistisse da ocupação do “Fecho dos Morros” afim de que em virtude de reclamação de potência amiga pudesse a questão ser resolvida diplomaticamente e “à luz de uma discussão pacífica e aprofundada”. E a ofensa violentamente assacada contra nossa soberania foi esquecida e jamais se tratou do assunto. (BANDEIRA DE MELLO)

 

MOURA, Carlos Francisco (1975)

As obras foram interrompidas com a sua completa destruição, em 14 de outubro do mesmo ano, por tropas paraguaias e o projeto definitivamente arquivado pelas autoridades brasileiras. Em verdade, o Governo brasileiro tentou com essa iniciativa resgatar um projeto de 1775, quando o Capitão Ribeiro da Costa, encarregado pelo Governador Luís de Albuquerque de construir o Forte de Coimbra, enganou-se no reconhecimento do local, apesar das instruções do governador:

No lugar de aportar no Fecho dos Morros, desembarcou 44 léguas antes, no local denominado estreito de São Francisco Xavier, cuja topografia apresenta alguma semelhança com o primeiro. (MOURA)

 

Acyr Vaz Guimarães (1990)

Ano do nascimento de N.S.J.C. de 1850, vigésimo nono da Independência e do Império, aos 21 graus e 20 minutos de latitude, 40 léguas ao sul do Forte de Coimbra, em lugar denominado “Fecho dos Morros”, à margem esquerda do Paraguai, 800 braças a Oeste da mais alta montanha conhecida pela denominação de “Pão de Açúcar”, sobre a base inferior do Morro de pedra viva mais saliente ao Rio em forma de um colete esférico e sobranceiro ao pequeno monte que jaz na margem oposta, achando-se presente o Comandante Geral desta fronteira, o Capitão do Estado Maior de 1ª classe, Exmo. Sr. J. J. de Carvalho, o Tenente C. F. de Caçadores Francisco Bueno da Silva, o missionário apostólico frei Mariano de Banhaia e todas as praças que fizeram parte da comitiva do mesmo Cmt. Depois do arvorado o pavilhão nacional, acompanhado de entusiásticos vivas a S. M. Imperador e à integridade do império, foi empossado o novo destacamento de que é Cmt o já referido Ten Francisco B. de Silva e deu-se imediatamente princípio à construção do edifício que tem de servir provisoriamente de Quartel Guarnição Parque de Armas, Casa de Oficiais e Armazém de Artigos Bélicos até que, segundo as ordens do Governo, seja edificado o Forte permanente. E para todo o tempo constar, lavrou-se o presente que assinam o Cmt Geral, o Cmt da Guarnição do novo destacamento, o missionário apostólico e todas as praças presentes aos 29 dias do mês de junho. (GUIMARÃES)

Após a jornada pelo Rio Paraguai, em agosto, desci o Rio Acre de caiaque, em setembro, e retornei, em outubro, à região para documentar este esplêndido e histórico sítio.

 

ROOSEVELT: Forte Bourbon (Borbón)

13.12.1913: Pela manhã, muito cedo, paramos em um lugarejo paraguaio, aninhado entre o arvoredo verdejante, no sopé de um grupo de morros baixos, junto à margem do Rio.

Sobre um dos morros aparecia um pitoresco forte antigo, de pedras, conhecido como Forte Borbón, nos tempos coloniais da Espanha. Agora flutua sobre ele a bandeira paraguaia e é guarnecido por um punhado de soldados paraguaios. Aí o padre Zahm batizou os dois filhos mais novos de uma vasta família de gente pequena, de pele fina e cabelos louros, cujo pai era paraguaio e a mãe “oriental” ou uruguaia. Nenhum padre estivera no lugarejo de três anos àquela parte, e as crianças tinham respectivamente um e três anos de idade. Serviram de padrinhos o comandante local e um casal de austríacos. Respondendo a uma pergunta, de simples formalidade, sobre se eram ou não católicos, os pais declararam inesperadamente que não. Indagações subsequentes revelaram que o pai se dizia “livre-pensador católico” e que a mãe era “protestante católica” e tivera como genitora uma protestante, filha de um imigrante da Normandia.

Entretanto, ficou esclarecido que os outros filhos tinham sido batizados pelo Bispo de Assunção, e assim o padre Zahm, atendendo às vivas instâncias dos pais, consentiu em continuar a cerimônia. Eram boa gente; embora cada qual desejasse ter a liberdade de pensar do modo que lhe agradasse, também queriam estar filiados e ter seus filhos filiados a alguma religião, de preferência à religião da maioria do seu povo. […]

Almoçamos – o almoço brasileiro das 11h00 – no navio do Cel Rondon. Os jacarés estavam-se tornando mais abundantes. Os feios animais jazem nas praias e nos bancos de lodo como toras de madeira, cabeça levantada, algumas vezes com as fauces escancaradas. São com frequência perigosos para os animais domésticos, são sempre um flagelo para os peixes e é agradável atirar neles. Matei meia dúzia e errei outros muitos – a trepidação do vapor não auxiliava a pontaria.

Passamos matas de palmeiras que se estendiam por espaço de léguas, e vastos pantanais onde se viam socós, garças pardas e jaburus, bandos de biguás e mergulhões sobre as praias, e talha-mares e nuvens de lindas andorinhas esvoaçando à nossa frente. Cerca do meio-dia passamos o ponto mais alto do Rio passamos o ponto mais alto do Rio que velhos conquistadores e exploradores espanhóis […] haviam atingido no decorrer de suas maravilhosas viagens na primeira metade do século XVI […]. (ROOSEVELT, 1944)

 

 

Autor e Fonte: Hiram Reis e Silva

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