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A Terceira Margem – Parte CLII – Foz do Breu, AC/ Manaus, AM ‒ Parte XXVIII Rio Branco, Acre II

Publicado em: 15/02/2021 - 3:09
A Terceira Margem – Parte CLII – Foz do Breu, AC/ Manaus, AM ‒ Parte XXVIII Rio Branco, Acre II

Foz do Breu, AC/ Manaus, AM ‒ Parte XXVIII

Rio Branco, Acre II

O engenheiro brasileiro J. M. da Silva Coutinho, o norte-americano A. D. Piper, o Presidente M. C. Carneiro da Cunha, o escritor Tavares Bastos, o geógrafo peruano M. F. Paz Soldan, o Coronel A. R. Pereira Labre, todos anteriormente à carta de João Gabriel, assim grafaram-no, sendo que Piper e Labre, exploradores da região ouviram-no da própria boca dos lpurinãs, nação indígena ali residente, cujos domínios abarcavam cerca de trezentas milhas, a montante e a jusante da barra do Acre e penetrava por este uns dez dias de viagem em canoa.

O nome ajuntava eu, provinha do dialeto desses silvícolas que, aliás, pronunciavam Uwákũrũ ou Uakiry, segundo o referido Labre, grande conhecedor das gentes ameríndias do vale puruense.

E concluía eu que, não sendo Gabriel um quase analfabeto como dizia José Carvalho, nem um meio letrado como pensava Soares Bulcão, escrevinhou Acri, segundo explicou-me Newtel Maia, fundador do Seringal Empresa, em 1882, por ter visto a aludida carta: ou Aqri, conforme o Dr. Francisco de Paula de Assis e Vasconcelos, ex-interventor no Território do Acre, filho de Francisco Assis Vasconcelos, explorador e proprietário de seringais na alta Bacia puruense, amigo do autor da missiva ao dito Visconde de Santo Elias, o qual afirmava haver grafado João Gabriel desta maneira, por julgá-la acertada, pois, este velho explorador pronunciava Aquiri.

Certamente, devido a este fato, a palavra propagou-se facilmente, no comércio e foi mais tarde aproveitada pelo governo, mas, segundo pesquisas posteriores, apurei que o mesmo Coronel Labre, num folheto publicado, na Província do Maranhão e datado de “Labria, 01.01.1872”, já empregava o nome “Acre” para o Rio “Uaquiry” ou “Aquiry” dos Ipurinãs, em diversas ocasiões, ao citá-lo como afluente do Purus, como possuidor de salitre em suas margens, no mapa das distâncias e na Nota 2 desta mesma página, isto é, mais de um lustro ([1]) antes da viagem de João Gabriel de Carvalho Melo.

Destarte, base tem Moreira Pinto quando afirma, tratando do Rio “Aquiry”, tributário do Rio Purus – “O Tenente-Coronel Labre deu a esse Rio o nome de Acre”. Assim, já ele existia anteriormente à chegada de João Gabriel, reinando, apenas, confusão na maneira de grafá-lo. Quanto ao aportamento do vapor Anajás, conduzindo João Gabriel de Carvalho Melo, vários parentes, amigos e grande carregamento de mercadorias para povoar o Rio Aquiri ou Acre, reinava certa confusão no tocante ao ano, assegurando alguns, como Emílio Falcão, Avelino de Medeiros Chaves, Hugo Ribeiro Carneiro, Soares Bulcão, A. C. Ferreira Reis e Joaquim Camelo que havia sido a 03.04.1877, e outros, como Euclides da Cunha, Aníbal Amorim, J. A. Masô, Napoleão Ribeiro e Custódio Miguel dos Anjos que fora em 1878. Manifestei-me ao lado dos últimos, apesar da assertiva de velhos acreanos como E. Falcão, Avelino Chaves e Joaquim Camelo que a ouviram do próprio Alexandre de Oliveira Lima, passageiro do Anajás, nessa viagem, parente da esposa de João Gabriel e que ficara de posse do Seringal Boca do Acre; porque, além da responsabilidade que tinha Euclides da Cunha, ele, como os autores, que lhe acompanharam, com certeza também ouviram o referido Oliveira Lima, ainda existente na época em que por ali passaram, afora outros desbravadores dos primeiros tempos.

Sendo que N. Ribeiro era o mais minucioso de todos; e Custódio, morador, em 1877, nas proximidades de Yutanahã, adiantava que, tendo o governo facilitado passagens grátis aos retirantes, o que se deu pelo meado do ano, somente depois disto foi que João Gabriel mandou buscar seus parentes no Ceará, os quais só poderiam ter chegado na barra do Acre, em princípios de 1878 e não em abril do ano anterior quando, apenas, por esse tempo, a imprensa de Fortaleza sugeria isso ao governo. E estava com a razão quando assim me inclinei, tanto que lendo mais tarde periódicos e outros documentos referentes à época, encontrei uma correspondência intitulada “Carta do Rio Purus” publicada num jornal de Manaus, na qual, entre outras notícias, via-se a seguinte:

Os vapores João Augusto e Anajás só navegam até as cachoeiras, dez horas de navegação acima do último ponto da escala: não indo os Comandantes adiante por não terem autorização da Companhia: transportadas as mercadorias daí em diante em canoa ou navios particulares sendo o último ponto povoado “São Miguel de Anury”, distante do Acre 60 milhas, ou 12 horas de navegação, onde acaba de chegar o vapor Teixeira Ruiz, que não seguiu até o Rio Acre, por não haver morador algum para cima; o que, no entanto, deve acontecer em outubro, porque para lá seguirão na lancha Colibri, diversos comerciantes.

Coube, assim, ao Teixeira Ruiz a glória de mostrar que a navegação até 60 milhas do Rio Acre era franca e sem perigo; tendo sido prático do navio Braz Gil da Encarnação, espontânea e gratuitamente. O Teixeira Ruiz gastou 34 dias de viagem, de 4 de abril a 08.05.1877, atracando em 82 portos.

O Rio Acre é famoso pelas suas riquezas imensas, as quais só agora estão sendo exploradas. [Jornal do Amazonas, maio e junho de 1877] Durante este ano tem aumentado muito a população neste Rio, conduzindo os vapores cerca de 1.200 passageiros; e o Anajás, entrado ontem do Purus, foi até o lugar S. José da Cachoeira, onde descarregou seu importante carregamento no dia três. [Jornal do Amazonas, julho de 1877]

Na madrugada de 12 de janeiro de 1878 ancorou, no porto de Manaus, o vapor Anajás da Companhia do Amazonas Limitada, que subiu acima de Hyutanahã [último ponto da linha] e foi até as barracas mais próximas ao Rio Acre; prestando, assim, o Comandante Carepa um relevante serviço ao comércio do Alto Purus. [Jornal do Amazonas, janeiro de 1878]

O vapor Anajás saíra de Belém do Pará, na madrugada de 06.02.1878, sob o comando do Capitão Carepa. [Jornal do Pará, janeiro e fevereiro de 1878]

Deve ter chegado a Manaus cerca do dia 14, ou ido diretamente ao Rio Purus, pois segundo Napoleão Ribeiro fora fretado pela firma comercial E. J. Nunes da Silva e Cia, para levar João Gabriel com o seu pessoal e mercadorias ao alto Purus, devendo ter chegado à Boca do Acre no fim de fevereiro ou princípio de março, tanto que no dia 2 de março, João Gabriel já agradecia ao Comandante Júlio Marques Carepa e aos seus distintos oficiais e ao Sr. Manuel Gonçalves Tourinho do Pinho, delegado da casa Elias José Nunes da Silva Cia, do Pará, a atenção e obséquios que lhe dispensaram, bem como à sua família, durante a sua viagem ao Acre, em duas cartas publicadas no Jornal do Amazonas, dirigida uma ao referido Comandante Carepa e a outra ao Sr. Tourinho do Pinho, ambas datadas de “Rio Purus, 02.03.1878”, e assinadas por João Gabriel de Carvalho Melo.

Pelo exposto, ficou demonstrado que a denominação de “Acre” para o Rio que serviu de epígrafe a essas linhas, já existia antes da viagem de João Gabriel, em 1878, nem foi uma consequência dessa jornada, como se pensava, a qual, indubitavelmente, concorreu para que, bem ou mal interpretado o conteúdo da carta comunicando os acontecimentos se o divulgasse mais rapidamente, em vista do povoamento daquela ribeira, e do intenso comércio que se estabeleceu com as praças do Pará e Manaus.

Pela própria correspondência trasladada acima e datada do “Rio Purus”, desde 1877, o seu autor não fala em Rio Aquiri, e somente em Acre, e, como era regularmente redigida e anônima, não é incabível que se atribua ao referido Antônio Rodrigues Pereira Labre, o explorador mais inteligente, mais expedito e mais letrado da Bacia puruense, ali residente, e o maior interessado no seu progresso, como se depreende da sua constante atividade. (SOBRINHO, 1954)

Fonte: Hiram Reis e Silva

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