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A Terceira Margem – Parte CLXXXV – Navegando o Tapajós ‒ Parte III Relatos Pretéritos – Tapajós

Publicado em: 01/04/2021 - 9:34
A Terceira Margem – Parte CLXXXV – Navegando o Tapajós ‒ Parte III Relatos Pretéritos – Tapajós

Navegando o Tapajós ‒ Parte III

Relatos Pretéritos – Tapajós

Manoel Ayres de Cazal (1817)

Tapajônia

Os navegadores do Tapajós observaram numerosas colinas, e alguns montes, estando ainda muito distantes do Amazonas, em cujas vizinhanças as terras são baixas, e nenhum Rio considerável sai deste país para o primeiro, que é assaz largo e cheio de Ilhas de todas as grandezas povoadas de matos. Não nos atrevemos a dizer se a parte do Sudoeste é regada pelo caudaloso e cristalino Rio das Três Barras por ainda não estar acertada a Latitude das suas Bocas. Mas ou estejam dentro ou fora dos limites, que assinamos à Comarca, e que por hora só servem para clareza da descrição empreendida, é provável que, quando com o tempo a povoação crescer nestas paragens, venha ele a ser em parte a divisão comum com a Província dos Arinos. Pela sua grandeza se supõe ser navegável por larguíssimo espaço, com grande vantagem dos futuros povoadores de uma e outra Comarca, facilitando-lhes a condução das suas produções ao Tapajós.

 

Santarém: Vila grande, e florescente situada pouco dentro da embocadura do Rio Tapajós escala das canoas, que navegam para Mato Grosso e Alto Amazonas, e o depósito de grande quantidade de cacau, cujas árvores têm sido cuidadosamente cultivadas no seu território, que lhes é particularmente apropriado […]. É povoação abastada de pescado. Tem uma Igreja Paroquial dedicada a Nossa Senhora da Conceição, e muitas casas de sobrado. No Fortim, que a princípio a defendia contra os bárbaros, há hoje um Destacamento para registrar as canoas que sobem e descem por um e outro Rio. Seus habitantes, em grande parte Brancos, criam ainda pouco gado “vacum”. (CAZAL)

 

  1. B. Von Spix e C. F. P. Von Martius (1819)

Ao sair do camarote, notamos uma grande mudança na água; não tinha mais o tom amarelo-sujo da do Amazonas, mas era verde-escura e mesmo mais clara que a do Xingu; achávamo-nos, portanto na Foz do Tapajós. Em breve, subíamos, por esse Rio cuja largura não nos pareceu muito maior que a do Xingu em Porto de Moz. (SPIX & MARTIUS)

 

Antônio Ladislau Monteiro Baena (1839)

 

Nota

O Rio Tapajós com o Juruena, que o constitui, tem as cabeceiras nas Serras dos Parecis, ao Ocidente das do Rio Guaporé, situadas no terreno mais excelso do Brasil; destas Serras ele rola para o Setentrião paralelamente ao Xingu. As suas correntes são escuras, mas em fundo de duas braças deixam divisar as áreas e os seixinhos da margem. A situação geográfica da sua Foz é o paralelo austral 02°29’ cruzado pelo meridiano 323°15’ e a largura de 2.998 braças craveiras.

 

Este Rio extrai o nome dos silvícolas denominados Tapajós que antigamente desceram das possessões castelhanas no alto Peru e tomaram assento na parte contiguamente superior ao sítio que hoje ocupa a Vila de Alter do Chão. Estes silvícolas eram menos broncos e menos bravos e infestadores que os outros indígenas; entre os quais muito abalizavam os Muturicus na valentia. As últimas hostilidades que eles praticaram nos povos do Tapajós, ajudados das suas mulheres, foram em 1773, em cujo tempo também combateram o Comandante da Fortaleza da Foz do Rio sem pavor do fogo que ele lhes fez por um largo espaço de tempo.

 

É penhascoso o Tapajós. Cinco dias de navegação para cima das suas faces o estorva grande número de catadupas e muito difíceis de montar. Na proximidade delas ou as águas ou os ares causam doenças segundo dizem os que ali vão apanhar cravo e outros gêneros da espessura. As terras que este Rio retalha apresentam logo da Foz do mesmo Rio para cima de grandes Lagos, campos, colinas e montes.

 

Os sobreditos campos dos Parecis, terminados na fralda da serrania que corre da altura de 14° para o Norte e para o Poente, assumem este nome de uma cabilda de silvícolas assim chamados, que foi desbaratada e extirpada do solo pátrio com bastante feridade por frequentes tropas saídas do Cuiabá a explorar ouro.

 

Em 1626, entrou o Capitão Pedro Teixeira neste Rio a fazer resgates de escravos indígenas bravos em companhia de um religioso capucho e à testa de 28 soldados e avultado número de índios. Começaram em 1668 os Padres da companhia a plantar Aldeias neste Rio e chegaram a administrar cinco.

 

Em 1747, João de Sousa de Azevedo desceu das terras Setentrionais de Mato Grosso pelo Sumidouro ao Arinos, no qual havia embocado com Pascoal Arruda à cata de ouro e voltando este seu companheiro para a capital da sua Capitania, intentou ver se deparava com o mesmo metal em outra paragem e com este pressuposto seguiu a undação do Arinos e entrou no Tapajós, do qual se dirigiu à Cidade do Pará em 1749, com o ouro achado.

 

O aparecimento deste homem provocou a curiosidade do Governador do Pará, Francisco Pedro de Mendonça Gurjão, para exigir dele notícias topográficas de Mato Grosso: e a este fim foi chamado ao Colégio Jesuítico, onde disse tudo quanto sabia da matéria e referiu que a descoberta das Minas de Mato Grosso fora praticada pelo Sargento-Mor Antônio Fernandes de Abreu no que se não mostrou cabalmente noticiado porque o verdadeiro descobridor de Mato Grosso foi em 1734 o sorocabano Fernando Paes de Barros, com o seu irmão Arthur Paes; e o dito Sargento-Mor só viu o descoberto país em companhia do mencionado Fernando Paes em consequência de ser mandado pelo Brigadeiro Antônio de Almeida Lara, Regente de Cuiabá, a examinar o novo país. Este mesmo Azevedo escreveu, a 16.01.1752, uma Memória sobre o Tratado de Limites de 1750 entre as duas Coroas do último Ocidente da Europa e deu-a ao Governador do Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, o qual enviou para a Corte. (BAENA, 2004)

 

Paul Marcoy (1847)

Depois de uma série de bordejadas entre o Nordeste e o Sudeste, chegamos à embocadura do Rio e lançamos a âncora a meia milha da Cidade de Santarém, localizada na margem direita. A confluência do Tapajós com o Amazonas forma uma Baía mais ampla do que qualquer outra que eu já tinha visto. Tanto na direção do grande Rio como na do seu afluente, a margem de terra firme recuava tanto que a vista tinha dificuldade de acompanhar as sinuosidades.

 

A junção do Ucayali com o Maranhão, que me havia surpreendido, parecia agora medíocre em comparação com a enorme extensão de água à nossa frente. Uma dupla linha de morros, baixos e pelados, rodeava a margem direita do Tapajós, Rio que se forma no interior pela união de muitos riachos que nascem na chapada dos Parecis. A cor de sua água é um verde puxado para o cinza; ela se move tão imperceptivelmente que chega a parecer água parada.

 

Na ponta formada pela junção dos dois Rios, sobre o topo achatado de uma longa colina, estão os muros de barro de uma Fortificação outrora destinada a proteger as possessões portuguesas do Amazonas e do Tapajós contra as incursões dos índios e os ataques dos piratas da Guiana Holandesa. Ao pé da colina e à sombra da Fortificação, espalham-se as casas de Santarém, que se estende para além das duas torres quadradas de uma igreja. Algumas escunas, chalupas, igarités e canoas ancoradas defronte à Cidade davam um toque de alegre animação à Capital do Tapajós, que conta uma centena de casas.

 

A primeira exploração do Rio Tapajós data de 1626. Foi feita por Pedro Teixeira, que subiu o seu curso por doze léguas em companhia de um Frade capuchinho chamado Cristóvão, um comissário da inquisição, 26 soldados e uma leva de índios Tapuias nutridos no seio da igreja romana e que já haviam recebido o duplo batismo de água e de sangue.

 

Ninguém ignorava o objetivo da viagem e não será preciso agora fazer mistério dele. Pedro Teixeira, em nome do primeiro Governador da Província do Pará, Francisco Coelho de Carvalho, foi buscar um acordo com os índios. Havia necessidade de braços para o trabalho na Cidade e nos campos, e as nações Tupinambá, Tapuia e Tucuju, que até então haviam suprido a demanda, não eram mais suficientes para repor os índios que durante onze anos, haviam perecido nas mãos dos portugueses em seus novos domínios. (MARCOY)

 

Alfred Russel Wallace (1848)

Finalmente, após 28 dias de viagem, na Barra do Tapajós, cujas águas azuladas e transparentes formavam um curiosíssimo contraste com a turva correnteza amazônica. (WALLACE)

 

Henry Walter Bates (1849)

A Baía de Mapiri marcava o limite de minhas expedições pelo Rio, a Oeste de Santarém. Contudo, na estação da seca é possível viajar por terra, como fazem comumente os índios, podendo-se percorrer 80 ou 90 km ao longo das vastas praias do Tapajós, com suas alvas areias. […] Para Leste, minhas andanças me levavam até a Barra do Maiacá, que entra no Amazonas cerca de quatro quilômetros e meio abaixo de Santarém, onde a límpida corrente do Tapajós começa a ser manchada pelas águas do Rio principal. (BATES)

 

Richard Spruce (1851)

[…], o nome local do Tapajós é “Rio Preto”, mas a verdadeira coloração das águas é azul-escura. Quando o avistei pela primeira vez, na estação seca, a água azul se estendia Rio abaixo por diversas milhas, até ser absorvido pela vastidão barrenta do Amazonas. Junto à Cidade havia uma ampla praia de areia branca, que se estendia por cerca de uma légua  para jusante, enquanto que, a montante, o Rio seguia sinuosamente por cerca de 5 milhas. Contudo, quando chega a estação chuvosa e o nível do Amazonas sobe, suas águas represam as do Tapajós, e nenhuma gota de água azul ou nesga de praia arenosa pode ser vista da confluência. 

Autor e fonte: Hiram Reis e Silva

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