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A Terceira Margem – Parte CCLXX – Expedição Centenária Roosevelt-Rondon 2ª Parte – X Tropa Cargueira – II

Publicado em: 29/07/2021 - 11:04
A Terceira Margem – Parte CCLXX – Expedição Centenária Roosevelt-Rondon 2ª Parte – X Tropa Cargueira – II

Expedição Centenária Roosevelt-Rondon
2ª Parte – X

Tropa Cargueira – II 

Magalhães, 1916 (Continuação)

 

26.01.1914: Ao amanhecer de 26 mandei ler as ordens do dia da Expedição a todo o contingente que acompanhava a turma até aí e ao qual se agregou o destacamento de dez praças e um inferior que aí aguardavam nossa passagem. Sabendo, por informações, que “Aldeia Queimada” tem mau encosto para as tropas, adotei medidas de previdência e, da vigilância exercida resultou, felizmente, que, ao clarear do dia, no pouso, pouco trabalho tiveram os campeadores para reunir todos os animais, dos quais deixei aí um burro frouxo, tendo afrouxado também em caminho [em aparição] um outro muar. Sendo curta a distância de Aldeia Queimada ao Rio verde, onde iríamos pousar, mandei “rodear o gado” todo no pasto, recolhendo-o para arrear ao cair da tarde. Às 13h30, parti e às 18h30 cheguei com o último cargueiro ao Rio verde, onde pela vez primeira a turma armou suas barracas-toldo.

 

27.01.1914: no dia 27, às 07h30, levantei acampamento da cabeceira do Sete de Setembro e fiz um grande alto, no Rio da Dúvida, onde assistimos a vossa partida com a turma de exploração desse Rio, sob a chefia de honra do Sr. Coronel Roosevelt, partida realizada às 12h00. […]

 

29.01.1914 a 05.02.1914: Como sabeis, de 29 de janeiro a 05 de fevereiro, marchei diariamente, acampando sete vezes para dormir, a última das quais à margem direita do Ribeirão das Aldeias. Para alcançar este último pouso, foi preciso que eu permanecesse em pessoa no acampamento anterior [Gralhão] até 19h45, hora em que iniciei a marcha para a frente, deixando, apesar disso, três animais perdidos e em seu encalço dois tocadores, pois que, ao toque de desarmar barracas, quando já se preparava o contingente para marchar, faltavam ainda 17 animais da tropa!

 

06.02.1914: Desta maneira alcancei o novo acampamento, pela madrugada do dia 06 de fevereiro [01h20], debaixo de forte aguaceiro, sendo obrigado a deixar várias cargas para trás durante o meu trajeto. De tal modo ficou desorganizado o serviço de transporte que tive de ceder à imposição das circunstâncias, permanecendo um dia no mesmo acampamento, e realizando dessa forma o ideal dos tropeiros que é de quando em vez “falhar” um dia para descansar.

 

Fiz, entretanto, seguir a tropa de bois e os bois adestros para Juruena, com ordem de regressar no dia seguinte e conduzir o excesso de cargas produzido pelo afrouxamento de dez muares na marcha de Gralhão a Ribeirão das Aldeias e neste último lugar, além do desaparecimento de dois muares em Gralhão e dois bois no citado Ribeirão, perfazendo um total de 14 animais cargueiros fora de combate. […]

 

A partir de Juruena teríamos, pois, conforme as vossas ordens, além da responsabilidade de dirigir uma turma, mais a de consertar as pontes, pontilhões e estivados, sem prejuízo da nossa marcha. À dedicada colaboração do Tenente Vieira de Mello Filho eu devo o ter conseguido alcançar esse duplo objetivo.

 

Para a execução do serviço que agora nos incumbia, estabeleci a divisão do contingente em duas turmas, cada qual dispondo de um inferior, revezando-se diariamente o pessoal no trabalho que competia a cada turma, sem prejudicar a escala mantida desde a marcha inicial, de uma escolta à retaguarda do mesmo contingente.

 

A escolta compunha-se de um inferior e duas praças, cujo objetivo era compelir os retardatários a completar a marcha sob sua vigilância. Uma das turmas [a maior] era a do preparo da estrada, sob a direção imediata do Tenente Mello e a outra, a do preparo do acampamento. (MAGALHÃES, 1916)

 

 

Funeral de Tropas II

(Moacir D’Ávila Severo)

A tropa aponta na ponta da estrada

Maleva que leva ao Juízo Final.

Ergue-se à poeira, parda bandeira,

Em cerimônia a um funeral.

 

O berro do boi, o grito do homem,

O assovio do vento no fio do alambrado,

São fundos que marcam a última viagem

De vidas-passagens, destinos traçados.

 

E o grito de “Eira”

Ecoando no espaço

Ao lerdo expressa

Mais pressa no passo.

 

Toda esta tropa se ajunta com a junta

De bois mansos: Pintado e Pitanga,

Do ventre ajoujados num mesmo fadário,

De viver e morrer parceiros de canga.

Caminham em silêncio, têm mais experiência,

Pela convivência com o homem-patrão.

 

Querem mostrar aos que berram em protesto

Que perdão é bom gesto se a morte é razão.

E o grito de “Eira”

Que ouviam na canga

Ora é grito sentença

Ao Pintado e ao Pitanga.

 

Outras tropas virão nesta estrada,

Soldados sem armas à luta fatal.

Tombarão como heróis trocando suas vidas

Pela fome do homem em mais um funeral.

 

 

Autor e Fonte: Hiram Reis e Silva

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